segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Superdotados e Drogas - Parte 1

E ai galera, pra variar passei muito tempo longe daqui... Não esqueci de responder a Gy e o Cleber não, quero responder sim, iria fazer isto amanhã, mas depois de um refúgio desta cidade maldita no sítio, sem Internet e sem telefone (graças...), e ganhando mais faltas na facu do que tudo, cheguei hoje e já me informaram a infeliz notícia de que tenho prova na terça de uma matéria da qual assisti um total de MEIA aula, e li um total de ZERO textos, ou seja, já estou super bem preparada, nada para se preocupar....

Resolvi fazer este post pelo o seguinte: sou hiper fã de rock, principalmente rock clássico, desde Elvis, Bill Haley, Jerry Lee Lewis, aí vai Beatles (também, não gostar de Beatles é igual dizer que não curte chocolate, só doido...), Stones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, The Doors (Jim Morrison is GOD, junto com o tio Nietzsche), Velvet Underground (piro com Velvet!!), Pink Floyd, passando pelo Southern Rock com Creedence e Lynard Skynard, ao início do Metal (reza a lenda, eu particularmente não concordo) com o Led, do punk dos Ramones e dos New York Dolls, AC/DC, Queen, chegando ao último estágio, o Grunge com Nirvana e Pearl Jam (Eddie Vedder is a Semi-GOD). Mas aí no meio rola um Michael Jackson (ahhh minha infância dançando Black o White, pode zoar, eu sei...), um Raulzito, uma tropicália básica, um Vinícius, um Chico, um Caetano, uma Elis, uma Nara, um Tianastácia (uhu Belzonte!!!), um Rapa, uma Amy Winehouse, etc...

Esse histórico todo do meu gosto musical (será que tem alguém lendo ainda??) é pelo seguinte, Jim Morrison, o Jimi Hendrix, a Janis Joplin, o Brian Jones (um ex-guitarrista dos Stones), Kurt Cobain, Robert Johnson (aquele Bluesman que reza a lenda vendeu a alma ao diabo para ser o melhor violonista e-v-e-r), entre outros, parece que são mais de 30 artistas que morreram com 27 anos. Mas o ponto aqui não é a idade que eles morreram, o ponto é que estes que citei são pessoas que, particularmente, considero superdotados na área musical, e todos mexiam com drogas, e a maioria morreu por causa de overdoses ou problemas decorrentes das drogas.

Pequena aulinha de história, se você já conhece as histórias pule para o próximo parágrafo. Janis Joplin, a jovem branca com voz de negra (ou, como eu penso, a voz de um ser sobrenatural, no bom sentido...), a Janis achava que Whisky era água (na verdade sua bebida preferida era o Southern Comfort que é tipo um Whisky frutado e com sabor de especiarias), e a droga de escolha da Janis era a heroína, ela morreu de 'overdose' acidental, mas falam que na verdade foi um carregamento de heroína que foi vendido adulterado (o famoso bad batch), e que várias pessoas morreram na mesma noite que Janis. Jim Morrison, vocalista do The Doors, também achava que Whisky era água, não tinha droga favorita, o que viesse era lucro, reza a lenda que morreu de overdose de heroína, mas rola uma teoria da conspiração devido ao fato dele ter medo de agulha entre outras coisas (google it), ele era fascinado com a morte ("break on through to the other side" "this is the end, my only friend, the end"). Jimi Hendrix dito (pelo menos por mim) o melhor guitarrista da história, mesmo histórico dos anteriores, muito álcool, drogas e talento juntos, morreu engasgado pelo próprio vômito depois de ter ingerido vários comprimidos com vinho. Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, tido como porta voz de uma geração, papel com o qual nunca se sentiu confortável. Lutava contra a depressão e contra o vício em heroína, havia tentado suicídio, mas foi impedido pela polícia que o encontrou em um quarto com uma arma e uma garrafa cheia de pílulas, fugiu de uma clínica de reabilitação, voltou para sua casa em Seattle, e se suicidou com um tiro na cabeça, deixando o bilhete: (é uma carta longa, então os highlights) "Eu não tenho sentido a excitação de ouvir, bem como criar música, ler e escrever, por muitos anos... Algumas vezes eu sinto que deveria 'bater ponto' antes de entrar no palco, e eu já tentei de tudo para apreciar o que faço ( e eu aprecio, Deus, acredite, eu aprecio, mas não é suficiente)... Eu sou demasiadamente sensível. Eu preciso estar um pouco desensibilizado para recuperar o entusiasmo que eu tinha quando criança... Eu não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que tenho por todos. Existe o bem em todos nós e acho que eu simplesmente amo as pessoas demais, tanto que me faz sentir demasiadamente triste. O pequeno triste, sensível, que não consegue apreciar, Peixes, homem Jesus. Porque você não aproveita simplesmente? Eu não sei!... E me aterroriza ao ponto no qual eu mal consigo funcionar. Eu não consigo suportar a idéia da Frances ( a filha dele com a Courtney Love) se tornar uma roqueira da morte, miserável e auto-destrutiva como eu me tornei... Obrigada a todos do poço de meu estômago ardente e nauseado pelas suas cartas e preocupação durante os últimos anos. Eu sou um bebê mal-humorado e errático! Eu não tenho mais a paixão, então, lembrem-se, é melhor se queimar rapidamente do que desvanecer..."

E ainda, entre outros, existem os casos do Michael Jackson, falecido ano passado, e do Elvis. Ambos de overdose de remédios controlados. (Anetoda rápida, Elvis foi nomeado por um presidente, que não lembro o nome, oficial honorário para o combate as drogas, hehehe...). E da ilustre Amy Winehouse, uma menina, que coincidentemente fará 27 anos agora em Setembro (todo mundo cruza os dedos aí!), que já teve overdoses homéricas (sério, reza a lendo que teve uma de cocaína, heroína, Special K, ecstasy e LSD, e a mulher sobreviveu, sabe-se lá como...)

Todos estes artistas, em minha opinião, têm em comum o talento extraordinário na área musical, seja na composição, seja na habilidade com instrumentos, seja no carisma para com o público, e todos precisavam de um refúgio do mundo construído em volta deles. Um mundo no qual eles já não eram mais artistas, e sim um produto. Não havia mais espaço para o desenvolvimento criativo, o que havia era a pressão de gravadoras, empresários, da imprensa, e mesmo dos fãs. Como se nota pelo bilhete de Kurt, a paixão, a 'raisonêtre' destes artistas foi afogada por uma indústria de precisão, automática, cujo o lado humano era secundário ou inexistente. Isto já é o bastante para atingir emocionalmente uma pessoa normal, mas estes artistas não tinham nada de normal, eram superdotados, ou pelo menos altamente inteligentes no campo musical.

A Janis tem uma frase na qual ela diz que ela podia não durar tanto quanto as outras cantoras, mas sabia que iria se destruir se se preocupa-se demais com o amanhã. Pela maior parte, estes artistas não se preocupavam com o sucesso comercial de suas carreiras (mas este era obviamente bem-vindo), mas como sua música era feita, o que ela queria dizer para eles mesmos e para seus fãs. Janis foi uma adolescente 'rebelde', não se encaixava nos moldes do lugar onde nasceu, se sentia deslocada, queria dizer algo, mas não tinha quem ouvisse. Como expressar algo para pessoas que você sabe que não vão lhe compreender, e quando ela finalmente achou quem a ouvisse, suas idéias foram deturpadas e esmagadas para caber em um molde pré-fabricado. Isto pode ser dito de quase todos os artistas citados. Elvis chegou a parar de fazer shows durante uma época, porque o público era tão grande que fugia ao controle. Jim Morrison teve um ataque ao saber que 'Light my Fire' (apesar das letras desta música não serem dele) foi autorizada a ser um jingle de comercial. A obra que tinha um significado pessoal, que vinha de suas idéias, de seu íntimo, que era uma forma de expressar seus pensamentos (o que já é tão difícil para um superdotado), se tornou algo fútil, incompreendido.

A incompreensão, a redução de significado, é algo que fere. O artista superdotado faz sua música para que seus pensamentos, normalmente amontoados, sobrepostos, conectados de forma muitas vezes desconhecida para as pessoas normais, transpareça, na esperança da identificação com o outro, de que aquilo faça alguém refletir sobre algo que normalmente não o faria. Óbvio que o aspecto do entretenimento é o mais focado, assim como deveria, mas é triste ver alguém cantarolando "The End" como se fosse uma baladinha de carnaval. A incompreensão leva à solidão, assim como a fama, o não saber dos motivos da aproximação das outras pessoas.

A questão da inteligência neste ponto também não diz respeito somente aos músicos. Todos os superdotados (pelo menos a maioria, creio eu), sabe a tempestade que existe em seu cérebro, a vontade de fazer tudo e mais um pouco, e saber que não há tempo humanamente possível para fazer tudo. É a chuva de idéias que temos a respeito de vários assuntos, a forma como conectamos eles, a desilusão de saber que quase sempre que abrimos a boca, e formos nós mesmo, vamos encontrar uma platéia vazia, ou desinteressada, ou mesmo antagônica e temerosa. É a raiva de termos que ter máscaras perante outros para que possamos nos encaixar em mundo que não nos compreende, e nem está disposto a tentar, e que as vezes nem estamos muito afim de participar de tal mundo, mas o cotidiano vem como um peso a cada dia, e a utopia de o nosso 'normal' ser aceito cai por terra toda vez.

A música destes artistas é o espelho de seus talentos, e muitas vezes a felicidade de ser finalmente ouvido é substituída por uma angústia sem fim. As drogas servem como uma válvula de escape. Mas não como a de um viciado comum que usa de forma recreacional e vê a droga como um fim em si mesma. Os superdotados usam as drogas para que 'as vozes parem'. Para fugir um pouco deste mundo frente ao qual nos vemos impotentes. Não estou glamorizando e nem apoiando o uso de drogas. Só acho que as coisas não são tão em preto e branco como muitas pessoas fazem parecer. "Drogas viciam, destroem, matam, acabam com a vida normal das pessoas". Sim, ok, drugs BAD, got it. Mas muitas vezes é a única forma de não querer por um fim em sua vida. É a única forma de 'emburrecer' um pouco para se encaixar no 'normal' padrão. Alguém já viu 'House M.D.' o seriado americano? É um ótimo exemplo, o cara teve um problema na perna, e se viciou em Vicodin, se não me engano, um opiáceo sintético. Além da bengala, ele usa o medicamento como uma 'muleta', com a desculpa de dores excruciantes, na verdade, sendo extremamente inteligente, o remédio é a única forma que ele encontra de escapar de tudo, óbvio que é ficção, mas existem sim, viciados funcionais.

As vezes a droga é um botão de 'pause' no cérebro, uma forma de sobreviver sem se ver preenchido de angústia, solidão, incompreensão, impotência, de não querer fugir para uma ilha deserta para fugir de tudo e de todos, é a maneira de criar no próprio cérebro a tal ilha. É um raciocínio que muitas pessoas não entendem. A mensagem é que as drogas matam e prejudicam qualquer pessoa, até de um jeito irreparável. Mas estas pessoas não possuem um tornado no cérebro, elas não se sentem sufocadas pelas inutilidades, perversidades, malefícios, pela falta de objetivo da vida em si no sentido existencial. Para elas é: acordar, trabalhar, assistir TV, dormir, as vezes sair no fim de semana, as vezes tirar férias, e pronto, uma vidinha embrulhado com um laço vermelho, não há uma preocupação maior em relação ao seu papel no mundo, em relação a como o mundo está todo errado, para elas está tudo certo. É assim porque assim é, não há o que fazer, aliás dificilmente há alguma consideração se se deve fazer algo.

Por exemplo, eu fumo (cigarros normais, ok?) desde os 14 anos. Faz mal? Jura? Dá câncer? Sério? Prejudica as funções pulmonares e o condicionamento físico? Mentira! Nunca li nada a respeito disto. Pode custar minha vida eventualmente? Sim, assim como atravessar a rua para ir na padaria. Sei que muita gente vai achar isto ridículo e ignorante. Mas é a MINHA forma de pensar, eu fumo porque gosto. É vício? Não sei, porque quando viajo com meus pais (que o-d-e-i-a-m cigarro) as vezes fico semanas sem fumar, e sem sentir falta. Eu prefiro sentir um prazer agora, do que me preocupar em prolongar minha vida sem, pessoalmente, ter um objetivo. Todo mundo vai morrer, eu prefiro em prestações de nicotina. Para mim é uma forma de relaxar, espairecer, como diz O. Wilde "são a forma perfeita de prazer: elegantes e insatisfatórios". Nota rápida: vocês tinha que ver a cara da minha mãe quando eu pedi para ela me dar de presente o livro "Cigarros são Sublimes" do Richard Klein, impagável hehehe...

O modo como o cérebro superdotado funciona pode gerar muita pressão no indivíduo, e de acordo com Douglas Eby do site Talent Develop: http://talentdevelop.com/3212/gifted-and-talented-drugs-and-alcohol/ " muitas pessoas talentosas usam drogas e álcool para se auto-medicar e assim aliviar humores como ansiedade ou depressão, ou para 'amortecer' o stress e a intensidade emocional que podem ser parte da alta sensibilidade."

"Um jeito que encontrei de lidar com a depressão e com a ansiedade, há mais de duas décadas, foi usar cocaína. Felizmente, eu superei o vício de três anos usando a terapia comportamental cognitiva."

"Muitas pessoas também usam várias substâncias para aprimorar o pensamento e a inspiração criativa. Ou ao menos tentam."

" Em seu artigo "Uma visão bioantropológica do vício", http://www.addictioninfo.org/articles/603/1/A-Bioanthropological-Overview-of-Addiction/Page1.html, Doris F. Jonas, Ph.D, e A. David Jonas, M.D. consideram que 'um sistema nervoso tão bem adaptado a perceber as mínimas mudanças nos sinais ambientais claramente se torna oprimido e produz disforia quando seu portador deve existir entre o estímulo social exponencialmente aumentado de um ambiente moderno'"

"Aqueles com um sistema nervoso menos sensível são, eles escrevem,'mais bem adaptados às nossas condições de vida mais aglomeradas. Os mais sensíveis podem somente tentar aliviar seu desconforto ao embotar suas percepções com álcool ou drogas depressoras ou, alternativamente, ao usar drogas que alteram a consciência para transportar seus sentidos do mundo disfórico no qual eles vivem para um mundo privado deles."

"Em seu livro 'A Pessoa Altamente Sensível', Elaine N. Aron Ph.D. comenta 'Não é surpresa que artistas se voltam para as drogas, álcool e medicamentos para controlar sua excitação ou para reconectar com seu interior. Mas o efeito ao longo-prazo é um corpo ainda mais desbalanceado,'"

"Em seu artigo 'Garota Erva', http://talentdevelop.com/articlelive/articles/1034/1/Weed-Girl/Page1.html, Belinda Housenbold Seiger, PhD, LCSW escreve sobre uma cliente sua que ela chama de 'Garota Erva' (N.d.T: Hahaha, clássico instantâneo) - que estava 'bastante convencida que ela era um grande fracasso e havia esquecido de todas suas qualidades'. Dr. Seiger continua: 'Assim como muitas pessoas superdotadas que escutam a mensagem dupla de 'Nossa! Você é tão esperta ou criativa ou talentosa.' juntamente com 'É muito difícil lidar com você', a 'Garota Erva' nunca aprendeu a lidar com sua mente ocupada e agitada. Ao invés de desenvolver as capacidades essenciais de lidar e gerenciar o que eu chamo de 'fúria de alcançar', muitos adultos superdotados crescem fazendo exatamente o que a 'Garota Erva' aprendeu a fazer, ou seja eles aprendem a desensibilizar e emburrecer sua paixão e sensitividade fumando maconha.'"

Por hoje é só pessoal... Depois continuo esse post (que já está em proporções bíblicas...)