quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Voltando à Depressão Existencial comum em SD/AH por Dabrowski

Nem sei se alguém ainda acompanha o Blog, devido à falta de posts nos últimos anos, mas vamos lá...

Logo no inicio do Blog eu fiz dois posts sobre a Depressão Existencial e a teoria de Dabrowski relacionando este tipo específico da doença com SH/AH, mas não dei continuidade. E a proposta inicial era simplesmente traduzir o texto de James Webb, que dissertou sobre o assunto com maestria, na minha opinião.

Porém agora, quero reler o texto, e ir colocando as partes que considero mais relevantes, juntamente com minha visão e experiência sobre o assunto (que infelizmente tenho aos montes...)

Bem, então vamos prosseguir:

Começarei com dois quotes que iniciam também o texto e acho extremamente relevantes....


"Quando as pessoas sorem um grande trauma, ou outro evento perturbador - perderam um emprego ou uma pessoa amada morre, por exemplo - seu entendimento de si mesmo ou de seu lugar no mundo muitas vezes se desintegra, e eles temporariamente "desmoronam", sendo atingidos por um tipo de depressão referida como depressão existencial (WEBB, J.)

"É extremamente difícil manter seus espíritos elevados. Você tem que se manter vendendo coisas positivas para si, e algumas pessoas são melhores em mentir para si mesmas do que outras. Se você enfrentar demais a realidade, isto lhe mata." - Woody Allen


Quando há um trauma surge na vida de alguém, a percepção de que a "vida tem uma natureza transiente e que a falta de controle que possuímos a respeito de inúmeros eventos" (WEBB, J) causa o questionamento do próprio significado de nossa existência e do nosso comportamento diário.
Para outras pessoas, como foi meu caso, a depressão existencial foi algo que simplesmente apareceu. Não tive perdas significativas, financeiras, profissionais, educacionais, pessoais, nada. E foi isso que levou a grande maioria ( se não todas) a ficarem completamente perdidas e até indignadas, porque de acordo com elas 'eu tinha tudo, e pessoas ficam tristes, mas isso vai passar, porque você não tem motivos para estar assim'.... No entanto, eu tinha e tenho. Desde de que me lembro, eu não entendo o conceito de sociedade (o literário sim, obvio), mas nunca entendi porque as pessoas vivem como formigas ou ovelhas, cumprindo funções pré-determinadas por , ou seus antepassados ou pela pressão social.  Eu nunca entendi porque eu deveria passar dezoito anos aprendendo coisas que eu usaria no máximo 10% na vida prática, depois arrumar um emprego atrás de uma mesa, para cumprir uma função que não iria me satisfazer, não alteraria a vida de ninguém, muito menos a minha, casar, comprar uma casa, ter 2.5 filhos, comprar uma casa, envelhecer sem ter realmente vivido (não sobrevivido, mas viver no sentido de descobrir sempre coisas novas, ser sempre surpreendida por belezas simples, conhecer outras culturas, expandir horizontes, contrariar leis ridículas, exercer mudanças reais sem se conformar com o moldezinho já pré-preparado), e meus filhos imaginários sendo preparados para o mesmo caminho.... A resposta para toda essa hipocrisia não é nenhum mistério: dinheiro. Você tem que estudar para arranjar uma boa profissão para conseguir dinheiro para se manter, sobreviver, e depois comprar a tal casa, e depois para manter os filhos imaginários, ahh, e claro, para manter o 'pacto social' com o governo. Eles lhe provem segurança, sistema de saúde e educação, e você deve ser um bom cidadão, viver de acordo com as regras, e pagar os impostos para os serviços que eles fornecem. FUCKING BULLSHIT!!!! Qual foi a ultima vez que você saiu sozinho ou sozinha sem olhar para trás para ver se não vem ninguém para lhe assaltar, estuprar ou matar? E que sistema de saúde fantástico é esse que pessoas morrem em filas na porta de hospitais, sem falar na mediocridade da educação (não por culpa dos professores, pois acredito firmemente que eles estão ganhando o salario de merda que recebem - ou não - porque amam o que fazem e acreditam que podem mudar vidas). E que "Contrato Social" (se alguém faltou esta aula, favor checar Hobbes, Locke e Rousseau) é este? Obvio que a filosofia contratualista foi um forma deles explicarem a relação dos seres humanos com o Estado. Mas aqui, sendo bem literal, a definição de contrato envolve duas partes... E que eu me lembre, eu não assinei porra nenhuma quando nasci! Então porque devo seguir um modo de vida com o qual não concordo e honestamente tenho ojeriza! Beleza, então muita gente vai virar e falar, então sai fora... Vai viver no meio do mato, e larga tudo... Detalhe: o ´mato´ tem dono, sempre, se não for privado, é estatal.

 Mas não, obrigada, não vou para o mato... Por que eu deveria ir? Porque não concordo com essa maquina de moer seres humanos? As grandes mudanças sempre vieram de pessoas que rejeitaram o status quo (NÃO ESTOU ME COMPARANDO A NENHUM DOS GRANDES PENSADORES, eu ainda tenho um pouco de noção, obrigada....). Vou colocar aqui a letra de uma musica (traduzida, mas enfim) do meu vocalista favorito ( da minha banda favorita, mas essa musica ele fez solo), que traduz parte do meu sentimento sobre o que acabei de falar....

                                                           



                                                             SOCIETY

                                                           By Eddie Vedder

Oh, it's a mystery to me É um mistério para mim We have a greed with which we have agreed Nós temos uma ambição que concordamos. And you think you have to want more than you need E você pensa que você tem que querer mais do que precisa. Until you have it all you won't be free Até você ter tudo, você não estará livre. Society, you're a crazy breed Sociedade, sua raça louca. Hope you're not lonely without me... Espero que não esteja solitária sem mim. When you want more than you have Quando você quer mais do que tem You think you need... Você pensa que precisa. And when you think more than you want E quando você pensa mais do que você quer Your thoughts begin to bleed Seus pensamentos começam a sangrar. I think I need to find a bigger place Acho que preciso encontrar um lugar maior Because when you have more than you think Pois quando você tem mais do que imagina, You need more space Você precisa de mais espaço. Society, you're a crazy breed Sociedade, sua raça louca. Hope you're not lonely without me... Espero que não esteja solitária sem mim. Society, crazy indeed Sociedade, realmente louca Hope you're not lonely without me... Espero que não esteja solitária sem mim. There's those thinking, more-or-less, less is more Tem aqueles achando, mais ou menos, que menos é mais But if less is more, how you keeping score? Mas se menos é mais, como você mantém um placar? Means for every point you make, your level drops Quer dizer que pra cada ponto que faz, seu nível cai Kinda like you're starting from the top É como começar do topo You can't do that... Você não pode fazer isso. Society, you're a crazy breed Sociedade, sua raça louca. Hope you're not lonely without me... Espero que não esteja solitária sem mim. Society, crazy indeed Sociedade, realmente louca Hope you're not lonely without me... Espero que não esteja solitária sem mim. Society, have mercy on me Sociedade, tenha piedade de mim Hope you're not angry if I disagree... Espero que não fique brava se eu discordar Society, crazy indeed Sociedade, realmente louca Hope you're not lonely without me... Espero que não esteja solitária sem mim 

  

É isso, quem nunca ouviu, recomendo a trilha de "Into the Wild" ou "Na Natureza Selvagem", TODAS as musicas são muito top!!

Mas voltando ao assunto: A depressão existencial espontânea causa questionamentos sobre como não temos controle sobre nossas vidas em vários aspectos, e assim começamos a questionar o propósito de tudo e nossas próprias ações. Eu me identifico mais com o outro aspecto da depressão existencial espontânea: a percepção do mundo, das pessoas ao meu redor, das situações que estão além do nosso controle, do meu lugar aqui nesta vida e o próprio significado dela.  Este tipo de depressão, pode levar a atos extremos. E eu entendo isso, eu fico tanto na minha cabeça, e analisando tudo, não de maneira pratica, mas filosófica, que acho que nasci na época errada, no lugar errado, mas ao mesmo tempo, sei que a aflição de hipersensibilidade em relação ao todo não sumiria se isso acontecesse.

Porém Webb diz que isso também é uma oportunidade: "uma oportunidade para tomar o controle sobre sua vida e tornar a experiência em uma lição positiva de vida - uma experiência que leva ao crescimento pessoal." (WEBB, J)

Webb então começa a explicar porque a depressão existencial é mais comum em pessoas com SD/AH, elas são mais "intensas, sensíveis e idealistas, e conseguem perceber as inconsistências e absurdos nos valores e comportamentos de outros" (WEBB, GORE, AMEND, &DEVRIES, 2007). As nossas características como SD/AH são mais propícias para questionarmos coisas que pessoas 'práticas' e seguem o status quo sem pensarem duas vezes nem chegam a pensar, como a natureza e o proposito de nossa existência. Ele propõe que nós enxergamos o quão pequena é nossa vida em relação ao todo, e que dificilmente conseguiríamos resolver os inúmeros problemas que nos afligem, daí a depressão.   



 
A depressão existencial espontânea, de acordo com Webb, tem grande relação as experiências de desintegração referida por Dabrowski. "Na abordagem de Dabrowski, indivíduos que se "desintegram" devem encontrar um modo de se "recompor novamente"" (WEBB,J). Para isso afligido deve voltar ao estado em que se encontrava antes da depressão, ou evoluir para uma reintegração em um novo e maior nível de funcionamento. Infelizmente a tentativa desta reintegração pode ter o efeito adverso e levar a pessoa a um colapso crônico e desintegração. Tanto o resultado positivo quanto o negativo dependem de vários fatores. 


E com isso deixo vocês, vou continuar a destrinchar este texto, que é muito importante para mim... 

domingo, 13 de janeiro de 2019

Estamos no Twitter

Ola galera, blz?
Como vcs sabem, eu tento atualizar o blog toooodo dia, SEM FALTA. É espantoso até!
Bem agora para complementar este excesso de informações, abri uma cota no twitter com o nome de (surpresa): "Adultos Altas Habilidades", ou @AHabilidades. Não escrevi nada ainda, mas com paciência vamos la. Inclusive, a primeira frase vou usar alguma dos comentários que me inspirou. Não sei qual ainda, vou dar uma relida, e quem quiser, vai lá e descubra!

Valeu pelo apoio galera! Vamos ver se agora, com essa nova plataforma, minha assiduidade aumenta (crossing fingers heheh). Valeu! Abs

DE novo:

Adultos Alta Habilidades
@AHabilidades

UPDATE:

NÃO ESTAMOS NÃO, PORQUE NÃO TENHO UM PINGO DE PACIÊNCIA COM AQUELA PARADA...
NEM PENSAMENTOS SENSACIONAIS, O TEMPO TODO, PARA POSTAR LÁ...
SORRY...

terça-feira, 15 de maio de 2018

Por que asdiferenças importam?

  Uma das coisas que costumo dizer, quando vejo ou leio reportagens sobre pessoas com necessidades especiais, físicas ou mentais, primeiramente é: "Que bom que existem pessoas que se dedicam a melhorar a vida de certas pessoas que iriam sofrer muito mais se tais esforços não existissem. Projetos para transcrição de livros para braille, calçadas feitas para pessoas com dificuldades de locomoção e/ou visão, professores que se dedicam à educação especial..." Aí chega nesta última parte eu fico me sentindo embarcando em um conflito. Todas as coisas acima são ótimas, e devem ser feitas, não só isso, mas muito, incrivelmente muito mais.

  Mas ao mesmo tempo eu fico pensando, e olho só, não fui eu que escrevi a Lei de Diretrizes e Bases, então não estou 'puxando o peixe para o nosso lado'. Nesta lei, dentro da categoria "Necessidades Especiais" adivinhem o que está incluso? "Altas Habilidades". Eis o conflito no qual embarco, fico extremamente feliz pelos outros esforços, mas me sinto excluída dentre os já excluídos.

  E o pior, mesmo escrevendo aqui no Blog o porquê de que não deveríamos nos envergonhar das AH/SD, de reconhecer para nós mesmos e de compartilhar isto com os outros, ainda dá aquele frio na barriga de, seja você ou o outro que iniciou a conversa que levou ao assunto das AH/SD, quando chega no ponto de se identificar: "Poisé, eu tenho Altas Habilidades", "Não, não é algo que acho ou sinto, eu fui identificada por um profissional qualificado". OK, agora pense que você é autista,com 'síndrome de Asperger', em um nível menor da escala, ou seja, você se comunica, mas ainda demonstra os sintomas. Asperger em um grau baixo não é identificável de cara. Então um mesmo tipo de conversa acima, mas sobre autismo, e chega a hora de você virar e falar: "Poisé, eu tenho Síndrome de Asperger, um tipo de Autismo", "Não, não é algo que acho ou sinto, eu fui identificada por um profissional qualificado". 


  E é aqui que as diferenças importam. Na primeira conversa, você vai sentir um pouco de vergonha por parecer egocêntrico, narcisista, vai se sentir como se estivesse se vangloriando, ou a outra pessoa irá sentir isso vindo de você, como se AH/SD fosse uma vantagem (em certo ponto obviamente é, mas NUNCA é só isso, ou na maioria das vezes os problemas são tão grandes que a vantagem do pensamento rápido, do raciocínio múltiplo, das outras habilidades, ficam em segundo plano devido ao funcionamento diferente do cérebro, que na verdade é o que importa. Se você é SD e tem uma paixão por artes ligada às suas sensibilidades praticamente inexplicáveis para os outros, qual a sua vantagem de ter um raciocínio matemático que te levaria ao MIT? Muitas, se não a maioria das vezes, as paixões e motivações não são compatíveis com um dos seus talentos mais proeminentes. Ou na grande maioria das vezes, também, seus talentos são compatíveis com suas paixões, mas nosso tempo de vida é finito. Daí o conflito: como eu vou ser neurologista, advogada, música, cineasta, cozinheira, diplomata, lutar por políticas públicas para os AH/SD, e tem mais, mas eu só tenho uma vida. E desperdicei grande parte dela com um medo paralisante de fazer a escolha errada e acontecer exatamente o que aconteceu. O medo de escolher o 'errado' e desperdiçar os anos era tão grande, que fui incapaz de escolher o 'certo', nem mesmo a capacidade de tentar eu tive, porque eu tenho um orgulho e um perfeccionismo com as coisas que gosto, que seria impossível largar no meio do caminho. Me retratando: eu fiz uma escolha aos 20 anos, até hoje não sei se será a profissão certa, mas tenho certeza que foi a faculdade errada.... Faltam exatamente sete matérias e a monografia, mas há onze anos que elas estão paradas, e eu não consigo terminar, porque perdi totalmente o interesse (e quem é SD sabe que sem interesse, nada flui), mas não consigo abandonar e começar outra coisa pelo dito orgulho e perfeccionismo de largar algo que comecei sem terminar. Isto me causa vergonha, uma falta de visão do futuro, um sentimento de derrota, uma necessidade de ajuda que, querendo ou não, é a realidade, só uma pessoa especializada na área de AH/SD, seja como pedagogo, psicólogo, psiquiatra, terapeuta, professor, e faço uma aposta que quem escolheu se especializar nessa área de AH, ou tem um filho(a), pai (mãe), ou ele(a) mesmo(a) é 'da nossa laia', que pode nos ajudar, nos compreender.


  Agora para a outra parte da conversa, a do portador de Asperger, ele não teria vergonha de falar, primeiramente porque eles não vêem objeção na verdade, assim como nós, que tem Asperger vêem, ouvem e sentem o mundo de forma diferente de outras pessoas, seus sintomas (brevemente) são falta de sociabilidade, relacionamento, comunicação, e são imitadas no seu cotidiano, mas são mais difíceis de distinguir de uma pessoa 'normal' que outros autistas.

  A diferença da conversa anterior para esta é, o SD vai se sentir auto-consciente, embaraço, perceberá uma dificuldade de aceitação do outro, pois infelizmente, devido ao estereótipo do SD, o outro se sentirá inferiorizado em relação ao SD e possivelmente expressará uma hostilidade inconsciente, já que "esta não é uma pessoa que precisa de ajuda e nem compreensão, pois já nasceu com uma 'superioridade' que não posso alcançar, portanto não a consigo entender, e só de saber que é alguém que sempre 'será mais' do que eu devido à vantagem intelectual, me sinto em uma situação desigual, mesmo que acabe de conhecer a pessoa, o que me foi ensinado sobre pessoas com AH já me levou a estigmatizá-la e a sentir um mal-estar em uma conversa com tal indivíduo pelo medo deste me julgar como alguém 'abaixo' dele, e sentir que ele não me considerará alguém com quem possa conversar em seu próprio nível, de 'igual para igual'". Esta pessoa que está conversando com o SD então, na minha experiência terá uma de algumas reações: tentar menosprezar as Altas Habilidades através dos próprios estereótipos aprendidos durantes os anos, como taxá-lo de 'nerd', 'cdf', 'cabeção', etc. "Ih nem adianta conversar com você, não vou entender nada, porque eu não fico lendo o dia inteiro..." "Ih é nerd, nem deve sair de casa! Já namorou alguma vez na vida?" "Oh o puxa-saco, só tira nota alta..." "Sai fora, quero trocar idéia normal, e não sobre física quântica.". Esta é uma reação, usar o que lhes foi dito sobre AH/SD para tentar menosprezar, diminuir socialmente o SD. É o tipo mais fácil de se lidar, é só desfazer o estereótipo com ações e assuntos inesperados por eles, já que é o tipo mais infantil de menosprezo.


   O outro é fingir que não existe. Tentar demostrar a través de argumentos retirados de fontes não confiáveis, ou mesmo de profissionais da área de psiquiatria que tentam negar as AH com argumentos de que o Q.I. não é uma medida científica, e é especulativa, que a Inteligência Emocional não é um componente das AH, e sim o único fator que importa para se medir o desenvolvimento na psiquiatria. Ou que AH/SD não são fatores que afetam o cotidiano de ninguém, é só mais uma característica como ser destro ou canhoto, e que a medida destes são somente ferramentas egocêntricas e que existe o talento em vários indivíduos que não possuem AH/SD (o que na verdade é um argumento dentro de várias teorias de AH/SD, que existem os Gênios, os Super Dotados e os Talentosos). Existem várias outras formas de hostilidade para com os superdotados em sua identificação, mas o que achei mais interessante são os imitadores.

  Em relação à primeira conversa, demonstrei algumas formas de hostilizar os SD, porém, obviamente, existem pessoas muito bem esclarecidas, ou mais esclarecidas do que muitos a nosso respeito, e tem um interesse genuíno no nosso modo diferente de pensar, infelizmente, a maioria destas pessoas só pensa deste modo porque passou a conhecer alguém SD, ou tem alguém na família que tem AH (como é típico no caso de todas as outras necessidades especiais.) Uma pessoa que conviveu com alguém que era portador de surdez, tem uma compreensão e um respeito extremamente maior para com estas pessoas. Sei disto por experiência. Este é um caso muito pessoal e emotivo, mas resolvi contar para que fique mais fácil para quem nunca passou pela experiência de ter outro SD/AH ou alguém com outra necessidade especial na família, ou próximo. Minha avó começou a perder a audição aos trinta anos. Quando minha mãe nasceu, ela tinha trinta e cinco, então ela já estava em um estágio bem avançado. Minha mãe cresceu com minha vó assim.... No caso dela, meu avô - de quem falarei bastante em outro post, o motivo: ele estudou até a 3ª série do primeiro grau, creio, não tenho certeza, mas foi por aí, e ele se tornou autodidata, aprendeu a ler, escrever, tocar piano, entre várias outras coisas, e no post que farei sobre ele, quero discutir as possibilidades genéticas das AH/SD - era muito inteirado a respeito das novas tecnologias e sempre teve a possibilidade de comprar o aparelho de audição mais novo no mercado. Então minha mãe não teve a necessidade de aprender a linguagem de sinais, mas aprendeu o respeito devido a quem tem uma necessidade especial. Infelizmente (muito mesmo) não tive a oportunidade de conhecer minha avó. Mas tenho vergonha de dizer que quando dou meus chiliques de nervos e brigo com minha mãe (a quem eu nunca poderei agradecer o suficiente por tudo que ela fez, passou, aguentou, sacrificou, por mim, nem pelo tanto que ela me ama apesar de todos meus defeitos, que são massivos) às vezes, eu estupidamente solto uma babaquice tipo: "Que foi? Tá surda?" E ela, com toda a calma, vira e me fala que ela já conviveu sim com surdez, e que isto não é nenhum insulto, que minha avó tinha suas dificuldades, mas elas nunca teve vergonha, ou deixou que isso a levasse de viver uma vida normal, e que respeito é uma condição essencial para se viver bem, e que mesmo sem conhecer minha avó, seria bom eu pensar antes de utilizar algo que a fazia sofrer, como um insulto inútil.(Passaram-se dois dias mas sempre vale a pena: FELIZ DIAS DA MÃES, MOM!!! SEM VOCÊ EU SABERIA POR ONDE COMEÇAR A VIVER...)

  
  Bem mudei de assunto neste último parágrafo. Mas o assunto era os imitadores. Existem muitos estereótipos a respeito dos SD, mas também existem muitos mitos, um certo culto ao gênio (que está acima dos Superdotados, mas quem tem uma admiração por este espectro das necessidades especiais, não vê a diferença, é uma espécie de idolatria por quem tem Q.I. alto, é talentoso, tem múltiplas inteligências - segundo a teoria de Gardner, a ser discutido -, tem AH, é Gênio, etc...). Como eu já mencionei em alguns posts e muitos de vocês mencionaram nos comentários, parece que nós temos um radar interno que identifica outros SD. Não sei explicar, sério, se é o tipo de conversa, o tipo de interesse, a velocidade do raciocínio, a sutileza e as nuances das comunicações. Eu já havia dito que pessoalmente eu só havia conhecido cinco pessoas: um (meu melhor amigo dos 3 aos 8 anos,conheci ele na EDUC- escola especializada em crianças com AH, do Dr. Daniel Antipoff, filho da Dra. Helena Antipoff- obviamente todos que estudaram lá eram SD, mas meu gênio bateu com o do Xande, sei lá como que o gênio de alguém de 3 anos bate como do outro, mas assim foi, e outra diferença entre nós dois e os outros, era a liberdade que o DR. Daniel e a Dra. Otília (sua esposa) nos davam, a escola era uma fazenda praticamente, com um campus enorme, hortas, criações de coelhos e outros animais, nós dois fazíamos coleções de cigarras - minha mãe até hoje fala, que ela me levava para escola toda 'bonitinha' e tals, e eu voltava toda coberta de terra rsrrs - e que além da liberdade de rodar o campus durante o horário das aulas - o Dr. Daniel tinha uma forte convicção que nessa idade (entrei lá com 2 para 3 anos) é a criança que deve escolher seu caminho, seu habitat, sua tarefa - ele e a Dra. Otília nos levavam para a sala deles todos os dias, alguns dias juntos, a maioria separados, para desenhar histórias, conversar sobre preferências, basicamente 'nos estudar', e não lembro de praticamente ninguém estar na sala deles tanto quanto nós (cara, os dois brigaram FEIO com minha mãe quando ela quis me tirar da EDUC, O Dr. Daniel falou que ela estava cometendo o maior erro da vida dela, ela me tirou de lá com 6 anos, e não deixo de concordar com ele, imagino que poderia ter um desenvolvimento muito diferente se tivesse continuado lá....). Depois aos 14 anos conheci dois outros amigos SD, um mais intelectual mesmo, voltado para poesia, música e filosofia, e outro um ano mais novo que eu, que estava na fase ápice da rebeldia, falou que não podia, ele estava fazendo.Eu tinha um pouco das duas personalidades. Acho que isto é outra coisa de encontrar pessoalmente e fazer amizade com outro SD, há uma relação simbiótica, você absorve um pouco da personalidade deles e vice-versa. O próximo foi quando eu tinha 17 anos, no início não conversamos muito, porque ele era amigo do meu primo e os assuntos deles eram nada a ver comigo. Mas quando passamos a nos ver mais vezes e conversamos sozinhos, aí clicou, e ele é um dos meus melhores amigos desde então, conversamos muito, trocamos muitas experiências, estamos mais ou menos no mesmo nível, e ele, de todos que mencionei até agora, é o único que continua na minha vida. A próxima foi a primeira menina SD que conheci, aos 23 anos, conversamos esporadicamente, mas ela não se considera SD, e procura fugir desta identidade. A última e mais recente é outra menina, conheci ela ano passado, ela curte música, e infelizmente nos conectamos através dos problemas que temos. Das dificuldades de ser como somos, de não sermos compreendidas, pelo lado bom ela curte música e é uma vocalista excepcional.


  Os imitadores são aqueles que na primeira conversa citada lá em cima, quando você se identifica como SD, primeiro ele fica curioso, vai lhe perguntando as características. Você fica surpresa por alguém se interessar por algo que não é muito popular como assunto, mas beleza, responde as dúvidas, e ele quer se aprofundar no assunto, mas assim que ele obter informações suficientes, as coincidências começam. Nossa eu também tinha isso quando era pequeno, também pensava assim sobre isso e aquilo, nossa eu também tenho tantos interesses que fico perdido. Ou seja, depois de obter informações suficientes para 'montar um perfil', ele começa a jogar verde na primeira conversa. Depois vai e pesquisa tudo o que conseguir sobre AH/SD, e na segunda conversa, sem jamais falar claramente "Eu também sou superdotado" ele vai jogando todas as peças na mesa para que você monte o quebra-cabeça e diga por ele. São inofensivos, mas como eu disse, são pessoas buscando validação, e esta só pode vir de um SD. Porém como eles realmente não são, eles não mencionam nem demonstram os problemas extremamentes sérios que possuímos.
           
To be Continued....

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Mary-Elaine Jacobsen - Um nome que, ser você for um adulto com Altas Habilidades não vai querer esquecer jamais

Não lembro onde exatamente vi seu nome mencionado, onde o li, etc. Mas pelos elogios que vi (também não lembro exatamente quais eram), me lembro que pensei que era alguém que faria diferença no que eu estou procurando. O que nós estamos procurando na realidade: 
'Como viver em um mundo real,que não é o seu mundo real ?'

Como ser um X-men em um mundo que não sabe se o teme, ou se você é de boa. 
Já tem muito tempo que quero entrar na mitologia dos X-Men, dos filmes,ok? A ignorante aqui nunca teve a chance de ler um comic dos X. Mas aí eu tenho que estar inspirada, rever algumas coisas, etc. 

Não, hoje vamos falar da Dra. Jacobsen, minha atual heroína. Primeiramente uma pequena biografia retirada de seu livro de 1999, "O Adulto Superdotado: Um Guia Revolucionário para Liberar o Gênio de Todo Dia".

Mary-Elaine Jacobsen, Psy.D. *Nota da tradutora - (Diferente de PhD, que é Doutor de Filosofia em Psicologia, o Psy.D. é Doutor de Psicologia, voltado para a prática clínica.), é uma psicóloga praticante e diretora do Omega Point Resources for Advanced Human Development (Omega Point Recursos para o Avanço do Desenvolvimento Humano). Além disso ela serve como professora  adjunta de psicologia na Universidade de St.Thomas, como editora contribuinte para o Roeper Review: a Journal on Gifted Education (Roeper Review: Um Jornal sobre a Educação de Superdotados),  oradora internacional, aparecendo em rádios, televisões e atuando como consultora para a mídia, pais, professores e corporações, Jacobsen tem três crianças superdotadas. Ela mora em St. Paul,Minnesota.

*Nota da tradutora: Esta biografia é de 1999, depois procurarei informações atualizadas

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Para Helena, Problemas nas características dos AH/SH

Olá galera, blz? Sei que parece que sou preguiçosa (parte verdade) e que não e preocupo em ler as msgs que vocês mandam. Nada mais longe da verdade. As leio sim. E fico louca para respondê-las. No entanto creio que devo o mínimo de respeito e não devo responder ‘pelos cocos’. Por tanto achei que, mesmo depois de tanto tempo devo esta satisfação a vcs e tentarei responder mais rápido etc.

Obs: Já estou começando...



07/18/12 às 6:18 PM
Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Características Superdotados - Gifted Universe":

alguem me diz mais algumas caracteristicas de sobredotados? tenho um filho adulto -22 anos-, que foi diagosticado aos 11 como tendo qi mt elevado e gostava de saber + coisas porque o seu comportamento e algo desigual dos comuns n ,e mau-, mas algo que me preocupa e gostava de saber para o poder ajudar .
obrigada e cumprimentos
helena baptista 


Helena tudo bem?
Nem sei se você ainda lê este blog ou se, as perguntas se mantém. Mas é o seguinte, somos diferentes sim. E muitas vezes devido a um desejo que é corriqueiro entre nós, o de não se mostrar diferente devido ao preconceito, ou o de se identificar e ficar taxado de ‘metido, se achar, etc...’, é normal tentar se esconder, mas é impossível. Nossas características transbordam, uma ‘má nota’ é dada devido à impaciência que certas situações e/ou pessoas nos causam, e nosso verdadeiro eu transparece.
E não que você ou alguém tenha colocado de forma alguma nestes termos, mas não somos robôs e, portanto cada um tem suas peculiaridades e identidades, mas sim, temos características gerais que nos identificam.
Já fiz vario checklists aqui, mas atualizar é sempre bom... Mas farei diferente desta vez.
10 Necessidades Sociais e Emocionais dos Superdotados
(http://www.byrdseed.com/10-facts-about-social-emotional-needs-of-the-gifted/)

1-    Fique atento que força e problemas em potencial podem ser o outro lado da mesma moeda.
Força: interesses e habilidades diversas; versatilidade. – Problemas potenciais: pode parecer desorganizado ou disperso, frustrado devido à falta de tempo...
     2-  O crescimento físico, emocional, social e intelectual de indivíduos superdotados muitas vezes é desigual.
Superdotação é um desenvolvimento assíncrono no qual habilidades cognitivas avançadas e intensidade elevada se combinam e criam experiências interiores e consciência que são qualitativamente diferentes da norma...
3-    Pessoas superdotadas podem duvidar que são realmente superdotadas.
“Será que realmente sou bom assim” surge como um refrão constante. Alguns superdotados negam seus talentos, os enterrando sob um disfarce de “palhaço” ou “sabe-tudo”, muitas destas pessoas tem um problema com auto aceitação...


*Nota da autora do Blog:


O autor (Ian A. Byrd) deste ‘Top 10’ escreveu mais detalhadamente sobre a tão  importante “Síndrome de Impostor” com a qual tantos superdotados lidam, e acho extremamente relevante. Já escrevi sobre isto antes, e fiquei impressionada nos últimos meses, pois, enquanto fazia um curso com mais ou menos 45 pessoas, e no meio delas, além de mim, identifiquei outras duas pessoas com AH. E a reação delas quando mencionei que: “oi, beleza, você possui Altas Habilidades"  -"Quem, eu? Você está viajando! Nada a ver! Quem é superdotado não é assim como eu" Ou seja, comas noções pré-concebidas a respeito dos super-dotados, muitos que são, mas ainda não foram identificados, negam veementemente até a possibilidade de o serem.

4-Estudantes superdotados podem enfrentar desafios não somente de seus pares, mas também de seus pais e professores.
 "Professores em escolas de ensino médio, em particular, já tentaram invalidar, refutar, os talentos de estudantes individuais, dizendo, em vigor, 'Prove para mim que você é tão superdotado quanto acha que é'".

5- Quanto mais velhos ficam, estudantes superdotados tendem a correr menos riscos.

      "Crianças altamente superdotadas tendem a focar naquilo que eles já sabem fazer bem, já que seu único padrão aceitável é a perfeição. Para algumas crianças superdotadas, uma nota 'B' (ou entre 70 e 90, numa olhada bem rápida no google para calcular, posso estar muito errada) é equivalente a um fracasso, o que limita seu comportamento de risco ou de tentar se arriscar para o velho estado de prontidão: áreas na qual você se sobressaiu no passado."

6- Estudantes superdotados poder ter uma surpreendentemente elevada  sensibilidade emocional.

               "Um aspecto do lado negativo desta sensibilidade é que os sentimentos da criança podem ser facilmente feridos. Isto inclui uma tolerância baixa ou zero para a crítica percebida,  vinda dos outros. A palavra-chave aqui é 'percebida', já que a crítica real não é necessária para transtornar uma criança que é altamente sensível."


7- Estudantes superdotados muitas vezes são tímidos, sabem que são tímidos e sabem que muitas vezes esta timidez é encarada com desprezo.

      "Os americanos acreditam que introversão, sensibilidade e timidez infantis são problemas a serem consertados... no entanto, pesquisas a respeito de crianças superdotadas mostram que a maioria delas são introvertidas, e muitas são sensíveis devido ao fato de sua elevada consciência de si mesmos e dos outros."


8- A intuição abstrata de estudantes superdotados pode entrar em conflito com a preferência dos professores pelo pensamento concreto.

           "Enquanto os professores entendem essas diferenças entre os estudantes N guiados pela intuição e suas próprias preferências pela atividade S concreta, eles podem começar a planejar e implementar um modo de instrução que produzirá os melhores resultados para cada tipo de preferência de aprendizado."

9-As necessidades dos estudantes superdotados não podem ser reunidas em um só estilo de aprendizado.

             "Existe uma crença comum a respeito da preferência dos alunos superdotados pelo aprendizado individual. Curiosamente, neste estudo, ambos os tipos são distribuídos quase igualmente entre adolescentes superdotados. Então é provável que estudantes superdotados podem se beneficiar dos ambos os projetos em grupos e projetos individuais em uma máxima extensão,desde que,os professores possuam a flexibilidade para ensinar para diferentes tipos de pensamento."


10- Adultos superdotados gostariam de ter sido melhor informados sobre altas habilidades enquanto crianças.

          "Meus voluntários, adultos altamente superdotados, escreveram sobre inúmeras mudanças que eles fariam em suas infâncias. Eles queriam mais informações e confirmação de suas diferenças intelectuais..."