sábado, 22 de outubro de 2011

Resposta a comentários...

 Olá a todos! Sei que continuo negligenciando o Blog. E o pior é que nem é falta de tempo, acho que é falta de inspiração mesmo. Acho que tenho resistido um pouco à vontade de tornar isto aqui meu diário particular, pois este (apesar de ter acontecido em outros posts inúmeras vezes, e provavelmente irá continuar a acontecer hehehe) não é o objetivo deste espaço.
  Desta vez gostaria de tirar um tempo para responder, e ‘comentar’ alguns comentários. Especificamente os comentários do  Cleber Alex, da Nina, da Dani e da ‘anônima’ que comentaram o post “Liberdade”.
  Primeiramente, obrigada novamente pelos elogios ao Blog. Pelo o que venho lendo, muitas pessoas estão se identificando com as situações e com o que escrevo. Acho que especificamente para os superdotados é sempre bom saber que não estamos sozinhos por aí, com nossos pensamentos e reflexões infindáveis, saber que não somos ‘freaks’ ou de que nada adianta procurar alguém com problemas ou ideias semelhantes. Eu sei que para mim foi uma bela surpresa (e continua sendo) ver que nem sempre o que eu digo (no caso escrevo) será recebido com um “ahã” e aquela cara de que não entendeu absolutamente nada ou na segunda frase a pessoa já se perdeu em devaneios e nem prestou atenção. Todos sabem que é bom ser ouvida, mesmo que não haja reciprocidade, haja compreensão.  Mas enfim...
  Cleber realmente é uma sensação de alívio quando você descobre que o que lhe tornava diferente dos outros não seria algo que o isolaria, é mesmo ‘encontrar um velho amigo em uma festa esquisita’ hehehe.... Não sei como deve ser descobrir a superdotação depois de já adulto, deve ser algo meio assustador, mas que ao mesmo tempo leva a uma calma nova, deve tornar a inquietação um pouco mais tolerável ao saber ‘dar nome ao boi’ que vive em nossa mente. (E sim, a conta do Google curte cortar a onda hehehe!). No seu comentário acabou que não apareceu seu MSN, mas também avisando a algumas outras pessoas que me passaram o delas, eu sou ridiculamente preguiçosa em relação ao MSN, não entro tem mais de um ano, mals ae... Mas obviamente tem muita gente aqui que entra, então se você quiser passar novamente... E se você animar de contar como foi esta experiência de descobrir a superdotação já adulto, eu curtiria muito saber!
  Ei Nina eu também  VIVO na ‘última hora’, procrastinação deveria ser meu sobrenome hehehe! E olha, meus pais também acham que a superdotação é só algo que faz parte da minha personalidade e vida, mas que não é nada de mais, e que não me define. Minha mãe achava (e acha) que lidar com o assunto iria me tornar completamente egocêntrica. Ela nem fala superdotada, ela fala que eu sou ‘diferente’ heheehe... Como você disse nossas histórias são diferentes, eu nem imagino como seria ser diagnosticada com Transtorno Bipolar e ficar tomando remédios que poderiam até (não sei, você me diga) chegar a inibir um pouco a superdotação, ainda bem que esta fase passou!  E olha, realmente, de comum, a grande maioria das vezes, que tem SD não tem NADA! Como eu disse, meus pais acham que a SD não me define, mas no meu modo de ver é justamente isto que ela faz. Eu sou definida pela SD porque tudo que já fiz e faço na vida, tem a ver com meu modo de pensar e ver o mundo, e isto tudo é como se passasse por uma lente, que é a superdotação. Se eu não fosse SD provavelmente não iria começar a ler e escrever com 3 anos, e não imploraria aos meus pais para começar a aprender inglês com 5, e por conseqüência não iria direcionar meus interesses na área de Política Externa, portanto acredito que quem possui SD é sim definido por ela, todas as dificuldades, os obstáculos, a falta de compreensão, e claro, os benefícios da SD definem nossas vidas e relações com outros. É como se uma pessoa cega falasse que não iria deixar a cegueira lhe definir. Ué, claro, ela pode decidir que não irá deixar de viver sua vida devido a este fato, mas o modo como ela irá viver é sim definido por esta característica. Acho que o mais difícil é se aceitar como sendo diferente, e decidir como lidar com isso, como você disse, as pessoas percebem sua diferença, mas também enxergam como isto lhe torna especial, e o fato delas perceberem que você não enxerga o mundo como elas não te deixa mais grilada, e é isso o máximo, acho, que a gente pode fazer perante aos outros que não são SD, encontrar terreno comum até onde conseguimos, e aproveitar as diferenças para dar um ‘toque especial’ (total livro de auto-ajuda, eu sei kkkkkkk) nas situações! Ah, e sei que tem um ano que você escreveu o comentário, então aproveite o status de veterana agora e curta muuuito nas calouradas!!!  (Eu sei, porque agora eu sou a ‘veterana’ mais veterana de todos no meu curso hehehehe!!!! Todo mundo é meu calouro!!! Ainda bem que na minha facu não existe jubilação hehehehe) E valeu pelas dicas de sites, muito bacana!
  Dani a maioria dos artigos que leio são de sites em inglês ou francês, não sei se você se importa... Mas em português você pode procurar artigos ou livros da Dra. Helena Antipoff, pioneira no Brasil sobre o assunto, tem o site www.altashabilidades .com.br que é legal, o site da Mensa no Brasil: www.mensa.com.br, este artigo da Nara Joyce Wellausen Vieira no site: “periodicos.udesc.br/index.php/linhas/article/viewFile/1270/1081” que muuuito bom também! E no mais, pergunte ao seu namorado como é para ele ter altas habilidades, vai ser muito legal ele ver que você se interessa pelo modo como ele enxerga o mundo, só de ele saber isso você já estará rompendo um obstáculo importante (nossa hoje eu estou super colunista de auto-ajuda meeesmo hehehe), mas sério, é sempre bom saber que a pessoa com quem você está não ignora nossas diferenças (mesmo que elas possam irritar ao extremo nossas caras-metade...) E aqui no blog eu sempre coloco a fonte da qual eu tiro os artigos que traduzo, então neles também você pode encontrar muita coisa!
Anônima também acho que nós somos muito parecidos entre nós, muito mais do que os ‘normais’ entre eles,  é bizarro como às vezes rola a identificação entre superdotados, eu não sei vocês, mas eu consigo, conversando, identificar outros SD, e quando isto acontece eu não consigo apagar o sorriso do meu rosto, fico até meio retardada, porque é muito bom encontrar outra pessoa que, mesmo que ela não saiba que é SD (como é o caso de todos meus amigos que são),  tem a forma e a velocidade de pensamento que você, até mesmo quando a área de altas habilidades não é a mesma que a sua. Eu também, como você, sou  generalista, acho que por isto você teve a impressão de estar ‘se lendo’ hehehe, é mesmo estranho, mas é legal! Ah, e eu também uso o termo ‘diagnosticada’ apesar de também achar que parece doença, queria saber um termo melhor... Idéias??? E olha, você falou que nunca conviveu com outros SD, eu convivi e convivo com poucos. Tinha um amigo que eu ‘encontrei’ quando eu tinha 15 anos e ele 14, meus pais queriam de todo jeito que eu acabasse com a amizade, porque ele (acho que por não saber que era superdotado, e como forma de ‘acalmar’ a mente, e de lidar com essa insanidade que é nossa forma de raciocínio) usava todos os tipos de droga humanamente possíveis, eu nunca abri mão dessa amizade na época. ‘Tomar banho’, demorou quase 10 anos para achar novamente alguém tipo eu, e meus pais queriam que eu deixasse para lá?? Jamais! Acabamos perdendo contato, mas quando nós dois sentávamos, só a gente, para conversar, era meio mágico. Há uns seis anos conheci um amigo de um primo, e que hoje é um dos meus melhores amigos, e lentamente fui descobrindo que ele também tinha altas habilidades, neste caso a descoberta não foi instantânea porque ele é ‘especialista’, a área dele é física (e afins), mas mesmo assim tem mais a ver com o ‘processo’ do pensamento, e é até engraçado, quando nós estamos com outras pessoas ligamos o ‘modo normal’ de conversação, quando estamos sozinhos é hora de viajar! E recentemente (coisa de um ano e meio) conheci uma amiga na faculdade (que também ignora sua SD). Ou seja, eu recomendo fortemente que você, sei lá, tente descobrir se existe algum grupo de SD na sua cidade, ou pegue o msn de alguém daqui do blog e veja se moram na mesma cidade, porque por mais bacana que seja ‘descobrir’ a galera, seja aqui no blog, seja em outro site, ou rede social, encontrar alguém cara a cara que tenha o mesmo ‘chip de processamento’ semelhante ao seu é fantástico! Eu sou de BH, de onde você é??? E se tiver tempo leia mesmo o blog, ou mesmo os outros sites sobre altas habilidades, valeu pela presença aqui!!!
E novamente obrigada a todos que lêem, a todos que ‘seguem’, até hoje acho meio surreal que alguém esteja lendo isso aqui... Vou tentar responder ou ‘comentar’ os comentários aqui mais freqüentemente!!! Abraço a todos!

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Night Owls

Gente, eu sou uma dona de Blog relapsa... Vcs obviamente perceberam isto já que o último post foi feito há um ano mais ou menos... Não quer dizer que abandonei o Blog de vez, ou que nunca mais escreverei. Mas minha vida, por consequência minhas atividades mentais, ficou estagnada neste último ano por motivos com os quais não tenho intenção de entediá-los.

Tentei liberar todos os comentários, os bons (em grande maioria ainda bem uhu!) e os críticos, que sempre falei, são bem vindos desde que sejam respeitosos e não imbecis (como diz minha mãe: o blog é meu, o conceito de imbecil é meu, e tenho dito...).

Gostaria de agradecer imensamente a leitura de todos, dos que gostaram e dos que não gostaram, e principalmente dos que postaram comentários, e claro os que começaram a seguir o Blog, mesmo que desde Agosto do ano passado não tenha havido nada diferente para seguir, ainda sim. Sei que estou em falta enorme com estes, e no dia que minha cabeça estiver funcionando propriamente procurarei responder todas as perguntas, dúvidas, pedidos, críticas, sugestões e etc... E agradecer novamente os elogios recebidos pelo Blog, meu ego agradece, sério, há alguém que não curta ser valorizada? Valeu, de coração! E repetir que, pow, quem tiver interesse de procurar e interagir com pessoas que se interessam pelo tema das altas habilidade, sejam eles(as) próprios superdotados, ou sejam parentes e amigos de superdotados, olhem nos comments, troquem ideias no blog ou fora dele, olhem a lista de seguidores. Como eu sempre deixei claro desde o início, não tenho formação alguma na área de psicologia, neurologia, educação, etc... Sou 'leiga' no assunto. Sou só uma pessoa que possui altas habilidades e sentiu um vácuo de comunicação para estas pessoas em particular. Tudo que já falei aqui foi a partir de experiências pessoais, ou traduções de artigos acadêmicos (QUE NÃO SÃO DE MINHA AUTORIA).

Estava, e ainda está rolando um bloqueio da minha parte, não só em relação a este blog. Mas em tudo na minha vida. Sinto como este último ano tenha sido um rascunho de muito mal gosto. Mas gostaria de tentar voltar a escrever aqui, ainda é uma das poucas coisas que me fazem sentir bem. Saber que existem pessoas similares, com relativamente os mesmos sentimentos e problemas, dúvidas, questionamentos existenciais.

Este post é sobre o texto de Satoshi Kanazawa e Kaja Perina: "Why night owls are more intelligent", cujo original pode ser encontrado em: http://personal.lse.ac.uk/KANAZAWA/pdfs/PAID2009.pdf . O texto basicamente se refere ao por quê as pessoas com ritmo circadiano diferente, que tendem a trocar o dia pela noite, são mais inteligentes.

Primeiramente vou traduzir o abstract: " A origem dos valores e preferências é um problema teórico não resolvido nas ciências sociais e comportamentais. A 'Savanna–IQ Interaction Hypothesis' sugere que os indivíduos mais inteligentes são mais propensos a adquirir e sustentar valores e preferências evolucionariamente novos, do que indivíduos menos inteligentes, mas a inteligência geral não possui efeito na aquisição e sustentação de valores e preferências evoluvionariamente familiares. Indivíduos podem muitas vezes escolher seus valores e preferências mesmo a despeito de predisposição genética.
Um exemplo de tais escolhas em relação às restrições genéticas é o ritmo circadiano. Pesquisas sobre etnografias de sociedades tradicionais sugerem que atividades noturnas eram provavelmente raras no ambiente ancestral, portanto, a 'Hipótese' predizeria que indivíduos mais inteligentes possuem maior propensão a serem noturnos do que indivíduos menos inteligentes. A análise do 'Estudo Longitudinal Nacional da Saúde Adolescente (Add Health) confirma a predição."
 
Eu sempre tive problemas com atividades matutinas. A imensa maioria das pessoas que conheço me acha extremamente preguiçosa porque depois dos 8 anos de idade, sempre acordei depois de 11h. Mas é porque essas pessoas assumem que eu durmo no mesmo horário que elas: entre 22h e 24h, o que não é verdade. Acho que o mais cedo que já consegui dormir depois desta idade, por um período prolongado de tempo, era 1h da manhã, mas o meu normal mesmo é dormir entre 3h e 4h da manhã. Estudei no período da manhã (que começava às 7h) até os 13 anos, e sempre chegava atrasada, com sono, ou faltava às aulas, isso quando não acordava, trocava de roupa, ia para esquina de cima da minha casa e esperava até dar 7e30h, que era o horário que minha mãe saia para trabalhar, e voltava para casa para dormir. desnecessário dizer que quase sempre ficava a um fio de tomar bomba por causa de faltas (que não necessariamente eram só pelo motivo do sono, como muitas pessoas superdotadas por aí sabem...). 

Tive que trocar para um colégio que possuía o ensino médio na parte da tarde, e até hoje, na faculdade, estudo no período vespertino. Meu ritmo circadiano sempre foi, no mínimo, diferente. Teve um período, quando estudei a noite, durante um ano, que eu dormia às 7h e levantava às 17h. Quando minha 'cefaléia em salvas' voltou ano passado, meu ritmo se alterou novamente, aí eu passava (e ainda passo) dias sem dormir. E não digo aquela situação de deitar na cama e ficar rolando sem conseguir dormir. Eu nem passo perto da minha cama, tem vezes nas quais ela fica arrumada do mesmo jeito por 3, 4 dias direto. Tem semanas nas quais eu fico de segunda a tarde até sexta de manhã acordada, aí na sexta eu vou dormir e fico direto até o sábado. Minha mãe quase fica doida, me fazendo prometer: - "Hoje você vai dormir né?". Óbvio que não adianta prometer uma coisa que não tem como fazer. Eu vou dormir na hora que vier o sono suficiente para dormir...

O pior é explicar isso para pessoas 'normais', que como eu disse, acham até hoje que eu sou preguiçosa, que é só colocar um alarme, e "tentar mesmo", que eu consigo alterar o ritmo circadiano. Nem com um médico, neurologista, renomado, e com uns 200 anos, falando, minha mãe consegue aceitar. Ele tentou explicar para ela que tem gente que é assim, que tem um ritmo circadiano 'muito doido'. Ele citou o caso de uma jornalista americana que passa duas semanas acordada, e depois dorme três dias direto. É bizarro para os 'normais'? É, mas existe, e não é cafeína de manhã e chá de camomila à noite que vai alterar algo que tive minha vida inteira. E não sou mais ou menos preguiçosa que ninguém. Quando durmo às 3h ou 4h e acordo 11h ou 12h, estou dormindo as mesmas 8h que todo mundo, mas em um horário diferente. Quando passo 3 dias acordada e depois durmo 24h direto, estou dormindo as 8h por dia que deveria ter dormido nos últimos três dias, mas de forma condensada...

A introdução do texto de Kanazawa e Perina (2009) questiona de onde surgem os valores e as preferências humanas. A partir daí elas citam duas correntes. A primeira, da psicologia evolucionária sugere que nosso cérebro foi feito e adaptado para o ambiente primordial ("aproximadamente da Savana Africana durante a era do Pleistoceno").....

Então galera, depois continuo...