sexta-feira, 28 de maio de 2010

Resposta ao comentário do Daniel

Ah... 3 e meia da madrugada e minha mãe me xingando para ir dormir... De volta aos velhos tempos... Sim, porque com as tais crises de dor de cabeça eu estava dormindo em horários de pessoas 'normais', indo para a cama as 23:00 e pulando da cama com dor às 6:30. O fato de eu ainda estar acordada e sem dor é um bom sinal...

Mas então, li o comentário do Daniel Habib e achei super legal. Tipo, alma gêmea hehehe... Tem dor de cabeça (o que não é legal, a propósito), é superdotado, fez umas 30 faculdades diferentes (ou pelo menos começou) e fez até o Caminho de Santiago!

Como ele disse e outras pessoas também já comentaram aqui no Blog (Cláudia um dia eu juro que apareço de novo no MSN!), é legal saber que você não está sozinha. Que existem outras pessoas que tem as mesmas características e problemas que você tem.

Daniel, professor fala que gosta de discussão (a maioria, nem todos, ok?) por que alguém deve ter colocado isso em algum manual que eles lêem. Aluno bom é aluno calado que regurgita tudo que está no livro. Deus nos livre que alguém queira discutir que 'Contrato Social' é o nome mais imbecil para um teoria na qual uma das partes cai de paraquedas no tal contrato. Ou que não adianta colocar consciência política como pré-requisito para democracia em uma teoria política sem que exista educação suficiente para que tal consciência exista. Só exemplos do nível da graduação... Um exemplo é meu, outro é de outra pessoa do meu curso, a discussão começa e os professores saem pela tangente.

Existem ótimos professores, mas normalmente eles querem dar aula na Pós, porque acreditam que alunos de graduação são pessoas ignorantes desinteressadas (muitas vezes corretamente, mas enfim...), os poucos bons que estão na graduação devem ser valorizados, mas as próprias faculdades não os valorizam,e isso faz com que os poucos alunos que tinham algum interesse o percam.

E muito bacana esse nagócio de você ter começado 4 faculdades até conseguir terminar uma. Assim, não deve ter sido legal para você obviamente, mas falo que foi bacana porque me dá mais esperança sobre esse história de escolher o que fazer para o resto da vida e tudo (vide post abaixo). E acho que a vida seria mais bonita se além de poder escolher o curso que você quer fazer, você pudesse escolher quais matérias e quais professores (a gente ainda pode sonhar, né?).

Mas enfim, gostei muito do seu comentário, continue comentando e dando feedback aqui! E Buen camiño! Hehehe...

Liberdade...

Gente, que lindo, mais pessoas lendo o blog... Sério, quando começei isso falei que queria que fosse um fórum e que mais pessoas pudessem compartilhar suas idéias sobre o tema, mas numa boa, achei que ia ser um blog meio obscuro que TALVEZ minha meus pais e um ou dois amigos fossem ler. Doido de mais que tem mais gente lendo (e até gostando)... Ok, momento deslumbrada: over. Mais uma vez desculpem-me pela sumida, tem coisa demais acontecendo... E é sobre isso que queria escrever hoje.

Fiz um intercâmbio ano passado que me mudou profundamente, eu voltei sem saber quem era direito, não sabia se queria continuar na faculdade, terminei com meu namorado, começei a ficar mais em casa... Mil coisas... Esse semestre estou deixando TUDO acumular, devo ter feito duas provas na faculdade e só, e agora com essa porcaria de dor de cabeça o acúmulo cresceu exponencialmente.

Meus pais que são anjos e sempre me apoiaram (vide post mais abaixo...) não são cegos nem nada e perceberam que eu estava num espiral para baixo e as coisas estavam meio fora de controle, me falaram que se eu quisesse largar o curso, tudo bem. E que se eu quisesse viajar (na medida financeira possível, porque, né, a árvore de dinheiro aqui de casa não vingou) eu podia... E isso me assusta e muito, eles basicamente me deram a liberdade de fazer o que eu quiser...

Eu já mencionei aqui um texto do James Webb sobre depressão existencial (google it) no qual ele fala sobre a desintegração e reintegração positiva e negativa (google it também) e como uma das três causas da depressão existencial, especialmente em pessoas superdotadas, é a liberdade existente de podermos moldarmos nossas vidas pois somos nós que criamos nossas estruturas (um dia eu animo de traduzir esse texto do Webb, é que são quase 40 páginas, preguiça...). Enfim, assim quando meu pais me falaram que eu podia fazer o que quisesse eu meio que desesperei.

Como eu já disse antes meu maior problema ao escolher um curso de graduação não foi que eu não sabia o que queria fazer, e sim que eu não sabia o que eu NÃO queria fazer. Eu queria fazer medicina de urgência para trabalhar com os Médicos Sem Fronteiras (se vocês acharam isso bizarro é porque eu ainda não falei da idéia do kibbutz para esse ano...); eu queria fazer cinema, ser diretora e ir dizer pro Tarantino que ele é o amor da minha vida; eu, desde os 5 anos, falava pra minha mãe que ia ser astrônoma porque esse povo burro da Nasa não sacou até hoje que a chave para a viagem no tempo está nos buracos negros; eu queria mexer com matemática financeira e ia ficar gritando igual louca: "Compra! Compra tudo" na Bolsa de Valores (de Nova York, e não na de São Paulo, que fique bem claro!); eu queria fazer história, porque era a única matéria que conseguia prender minha atenção, e ia me especializar na 2a Guerra Mundial; eu queria trabalhar com política, porque acho que nosso país está num caminho que tem volta sim e eu queria fazer parte dessa volta; eu queria fazer tudo e mais um pouco.

Acabei optando por Relações Internacionais, porque, claro eu queria viajar o mundo inteiro, e a paixão por política falou mais alto. E claro que só fui descobrir o que eu realmente (acho) que quero fazer depois que tinha iniciado o curso. Eu amo cozinhar. Só que pensando na praticidade da coisa, cozinheiro ganha muito mal no Brasil em geral, em BH nem se fala, eu não tenho dinheiro para abrir um restaurante, e também não tenho coragem de pedir pros meus pais mais de mil reais por mês para pagar uma faculdade de gastronomia sem saber se vai dar certo, ou mesmo se daqui um ano eu não vou me apaixonar perdidamente por, sei lá, design gráfico, e querer largar o curso. Então, bora deixar gastronomia sob o tag de hobbie...

Voltando para a situação atual, essa proposta dos meus pais me deixou desesperada porque sou EU que vou desenhar meu futuro agora... Eu sei que deve ter muita gente falando: "Oh, queria ter seu tipo de problema, poder viajar pra onde quiser, fazer o que quiser, e ainda está reclamando". Para estas pessoas, tem um botão na parte superior direita (de quem olha) no seu navegador com um X no meio, clique e seja feliz. Para quem ainda está aqui, o problema é mais uma coisa existencial, como escolher o que eu quero fazer e quem eu quero ser, se eu não tenho a mínima idéia de onde começar.

Muitas coisas que li sobre pessoas superdotadas falam sobre o 'pensar sobre pensar' que é basicamente se perder nos seu pensamentos em relação ao que significa estar viva, estar aqui, por que eu sou eu, por que o mundo é do jeito que é, eu posso mudar alguma coisa? Eu quero mudar alguma coisa? Então a partir do momento que se processa a liberdade que possuímos de moldar nosso 'eu' e as vezes nosso ambiente, e se pensarmos que vamos morrer daqui a pouco, e que (obviamente depende da sua crença) que só vivemos uma vez, e que se eu errar, não vou ter outra chance, não existe reset da existência humana, com uma decisão eu posso arruinar minha vida. E a questão não é a covardia, não é não fazer nada por medo de errar, é o congelamento que este pensamento provoca. Eu estou paralizada no último mês, sem saber o que penso e pra onde vou. Não estou suicida nem nada, minha vida rotineira vai bem, na medida do possível, obrigada. Mas a tal decisão pendente do 'que eu vou fazer pro resto da minha vida' pesa a cada segundo.

E eu sei que muita gente me fala que é para parar de ser tão dramática e fazer qualquer coisa pelo menos para não ficar parada, e se não der certo é só recomeçar. Obviamente esta é coisa racional a se fazer. Mas vai contrabalancear racional X instinto para ver quem ganha (Tio Nietzsche disse que é o instinto, e Nietzsche é Deus, então pronto).

O objetivo deste post era falar sobre como a superdotação incorre em vários talentos e vários interesses que as vezes deixam as pessoas perdidas e sem saber como a liberdade que possuímos na maioria das escolhas muitas vezes sufoca. Eu sei que falei de um ponto de vista extremamente pessoal, mas como ponto de vista objetivo não existe, então tá aí...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Contribuição

Ei Bárbara, agradeço seu comentário e o fato de você estar acompanhando o Blog, espero que esteja gostando.

A Bárbara deixou o link de uma pesquisa que ela fez sobre a superdotação na fase adulta, eu ainda não li, mas com certeza vou ler.

http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2933

É algum tipo de coincidência bizarra ou as pessoas do Rio Grande do Sul são as que parecem ter o maior nível de interesse e conhecimento quanto a superdotação. A dissertação da Bárbara é do RS, e a Tese de doutorado que eu havia citado em outro post da Dra. Susana Pérez também é do RS. E muitas associações e escolas para superdotados estão mais presentes no Rio Grande do Sul. (E nos estados da região Sul em geral) Mistério interessante.

Então, está um pouco difícil de escrever no Blog porque minhas crises de Cefaléia em Salvas voltaram. Para quem não conhece (e provavelmente ninguém conhece porque é uma doença bem obscura, lucky me), a Cefaléia em Salvas (CS) é uma 'dor de cabeça', mas não tem nada a ver com a dor de cabeça comum, nem com a enxaqueca. Sim, porque toda vez que eu falo que tive crise de dor de cabeça as pessoas viram e falam 'Ah, eu também tenho enxaqueca'. CS não é enxaqueca, a dor é na cabeça, mas as similaridaades param por aí. Quem tem enxaqueca tem fotofobia, não aguenta sons, e tem que ficar quieto. Com a CS eu fico enlouquecida, quando a crise vem parece que tem alguém enfiando uma faca repetidamente do lado direito da minha face, alguém tentando tirar meu olho com um espeto quente, eu fico andando para lá e para cá, na maioria das vezes gritando e batendo com a cabeça na parede. É super agradável...

Eu não tinha essa merda desde 2006, e agora ela resolveu fazer um retorno triunfal. Eu assisti o novo A Hora do Pesadelo (o do Freddy Kruger, sabe? I have a thing for Wes Cravens), e decidi apelidar minha dor de Freddy. Porque quando eu durmo a dor me acorda de uma vez. Então o negócio é que eu tenho medo de dormir, senão Freddy vai vir esfaquear minha cabeça. É complicado tentar explicar essa dor para outras pessoas, porque a maioria acha que é só tomar um comprimido e deitar que tudo vai se resolver. Não vai. Durante as crises eu tenho que tomar uma injeção de sumatriptano, colocar uma máscara de oxigênio, e quando estou no hospital, até morfina entra no jogo. Um médico especialista no Freddy falou que a comparação da dor e a de a amputação de um membro sem anestésico. Como eu disse, super agradável.

Mas cheeega de tragédia... Vou fazer o post terminando o texto do Heylighen agora, bjs