sábado, 10 de julho de 2010

Q.I.

A relação entre Q.I. e superdotação é um assunto polêmico, então vou lembrar a todos novamente que eu NÃO tenho nenhuma formação na área de psicologia, ou na de educação, e que não possuo nada que me credencie academicamente para falar do assunto. O que tenho são minhas experiências pessoais, e muitas horas de vôo na Internet. Este post não vai ter praticamente nenhuma referência 'bibliográfica' porque já são 2h da madruga e estou com preguiça...

O negócio é o seguinte: desde que a superdotação passou a ser entendida como a posse de algum tipo de inteligência em alguma área específica ou em um conjunto de áreas, começou-se a questionar o valor dos testes de Q.I. para identificar pessoas superdotadas. Até aí tudo bem. Por exemplo: o Ronaldinho Gaúcho é considerado por alguns como 'superdotado' fisicamente devido à sua habilidade com futebol, mesmo caso do Michael Phelps e a natação. Daí que todos com quem eu falo sobre superdotação me perguntam: 'Em qual área você é superdotada?'. No início eu ficava com cara de pastel, sem entender lhufas, porque para mim ou você é superdotada ou não... Esta história de possuir tipos diferentes de inteligência não queria dizer nada para mim.

Claro que, depois da terceira vez que alguém me perguntou isso, eu cansei de ficar com cara de otária e fui pesquisar. E parece que a pergunta foi: será que alguém que aparenta não ter nada de especial, não parece ser muito inteligente no geral ('parece' ok? Ninguém precisa tirar a arma ainda.), mas, por exemplo, toca piano primorosamente, não pode ser considerado algum tipo de pessoa superdotada?

E aí começaram os estudos sobre inteligências múltiplas, é tipo uma superdotação 'especializada'. Você é uma anta em português, geografia, história, física, química, não sabe pegar em um instrumento musical nem para salvar a vida, esporte é algo que pessoas com tempo demais disponível praticam, mas te passou algum exercício de matemática você faz de olho fechado no meio de um baile funk. (Não fiquem de olho fechado em um baile funk, não recomendo. Na verdade não recomendo o baile funk, pessoas acham que a nova Glock é a nova handbag da Louis Vitton...).

Enfim... O ponto é o seguinte, com a teoria das inteligências múltiplas, uma pessoa superdotada não possui necessariamente um Q.I. alto. Mas, de acordo comigo, uma pessoa com Q.I. alto, é necessariamente superdotada. A pessoa com o Q.I. alto seria, do meu ponto de vista, o 'generalista', em oposição ao 'especialista' das inteligências múltiplas. O superdotado com Q.I. alto é normalmente 'bom' em várias áreas, nem todas óbvio, pode ser um desastre em física, ou matemática, ou talvez em todas as matérias curriculares, mas pode saber desenhar, tocar instrumentos, falar vários idiomas, etc.

Eu gostaria de falar de Johann Wolfgang von Goethe. Ele, em alguns estudos, é a pessoa com um dos maiores Q.I. já visto, em alguns estudos é o maior. Existem alguns estudos que falam que o mérito do maior Q.I. é de Marilyn von Savant, com 228, mas existe muita controvérsia sobre o assunto já que foi aplicado a ela um teste muito anterior a sua época, que foi aplicado um teste para crianças com ela já adulta, e outras coisas deste tipo, e que na verdade o Q.I. dela é de somente 186. Outros falam que é o sul-coreano Kim Ung-yong com 210. (Nota nada a ver: o Q.I. do Dolph Lundgren, o loiro grandalhão dos filmes de ação é de 160 :0! Com um Q.I. desses você acha que o cara iria saber escolher melhor os roteiros dos filmes que faz né? Ou escolher fazer filmes COM roteiro...) Outros falam que é de um homem chamado William James Sidis, nascido em Boston, com o Q.I. estimado de até 250. Bem, obviamente não há um consenso.

Goethe pode até não ser o mais inteligente de todos, seu Q.I. é estimado, nos padrões atuais em 183. Nos padrões de Cox, em 1926, é de 210. Isto tudo, lembrando, porque nunca foi realmente aplicado um teste de Q.I. a Goethe (mas isto não interessa, para mim ele é o mais inteligente, e o blog é meu, então...). Goethe (1749 - 1832) foi um escritor alemão, que em minha opinião escreveu dois dos melhores livros já feitos e-v-e-r! 'Afinidades Eletivas' e 'Os Sofrimentos do Jovem Werther' ambos ficção, ambos fantásticos. Goethe era novelista, dramaturgo, poeta, cientista, geólogo, botânico, anatomista, físico, historiador de ciências, pintor, arquiteto, desenhista, economista, filósofo humanista e, durante dez anos, servidor público do Estado alemão de Weimar. Um 'generalista' como eu disse. Assim como daVinci (cujo Q.I. é dito ser mais baixo que Goethe, com 180, na mesma comparação Goethe aparece com 210).

Meu ponto é o seguinte: tudo bem que existem pessoas que possuem talentos específicos, e tudo bem que elas sejam consideradas superdotadas nos talentos que possuem. Mas acho que pessoas que possuem uma inteligência 'geral' apta, um Q.I. elevado, não estão no mesmo patamar que os 'especialistas'. Como sempre, não que sejam melhores ou piores, mas não estão na mesma categoria, a superdotação não é uma coisa só. Os estudos sobre inteligências múltiplas são extremamente úteis ao fugir dos conceitos antigos de 'inteligência', ao expandir o que é considerado inteligência. Mas, Gardner (o teórico das I.M.s) declara que o ser humano nasce com uma 'bagagem' com todas as inteligências (intrapessoal, interpessoal, cinestésica, espacial, musical, linguística, lógico-matemática) e que um desenvolvimento maior destas inteligências implica em maior aprendizado e trabalho. E que o próprio ambiente leva a pessoa a desenvolver o tipo de inteligência mais 'apto' àquele ambiente.

Não sei bem o que penso a respeito disto. Não acho que as inteligências são ressaltadas com aprendizado e trabalho, elas podem ser aprimoradas, mas não acho que se desenvolvem a partir disto. E considero que foi negligenciada a parte sobre pessoas com inteligências combinadas, ou que possuem todos os tipos de inteligências. Li que Gardner considera que a inteligência não é inata, e que não existem habilidades gerais, disto discordo completamente. Talvez o ponto dele tenha sido que a capacidade é inata, mas que a bagagem de conhecimento obviamente não o é, que certas pessoas nascem com uma 'mala' maior, e que com o tempo, como possuem maior espaço, vão preenchendo-a com aquilo com o que se identificam, ou com o que seu ambiente leve-os a se interessar. Se for isto, ok, mais ou menos. Fica a impressão que se pode escolher, conscientemente ou não, qual tipo de inteligência, ou qual habilidade será 'aprendida' ou ressaltada.

Acho que você já nasce com a 'fiação' pronta. O que acontece às vezes é que você pode não ter acesso a alguma habilidade que você possui. Por exemplo: você pode ser um pianista nato, mas se você nunca chegou perto de um piano na vida, nunca escutou alguém tocar, nunca escutou nenhuma música com piano, você nem sabe que existe algo chamado 'piano' (ei, pode acontecer...), obviamente você não desenvolve a capacidade. Mas aí fica o ponto de desenvolver a capacidade, essa relação com o tempo... Sou um pouco cética quanto a isso, porque existem pessoas que, seguindo o exemplo do piano, nunca viram ou ouviram um piano, desde criança isto, mas chegam à idade adulta e vêem ou escutam um piano pela primeira vez, logo em seguida, sem tempo para 'desenvolver' a habilidade, tocam primorosamente. Claro que vão tocar o que sentem na hora, ou mimicar o que ouviram, e só depois vão conhecer outras composições ou fazê-las, aí irão aprimorar sua capacidade.

Ai cansei... Vou dormir...

11 comentários:

  1. "Fiação pronta!" adorei...
    Vou pensar sobre isso e quem sabe portar no blog!
    Parabéns Flávia e muitíssimo obrigada por se dispôr a esclarecer os adultos.

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  2. Flavia,

    Ohh de antemão já aviso que provavelmente este comentário vai ser imenso. Pq sim escrevo longos arrazoados (emails, bilhetes...) e quem quiser que não leia e foda-se. Putz falo palavrão tbm e ohh to me dando esse "luxo" (adoro doses de transgressão diárias)pq sinto que te conheço a anos gata! Do tipo alma gêmea e tal.

    É impressionante como as histórias são cíclicas como tudo se repete, como é bom encontrar alguém assim "gente como agente". Enfim se somos desajustados ao menos que sejamos unidos, pq né se um PAH-SD já faz história imagina se juntar a galera. Segura!!haha

    Falando sério, será que consigo, sim, sim sou sarcástico (ou como dizem tenho humor refinado..) Parabéns pelo blog! Eu descobri a uns 5 anos que era PAH, passei por uma fase de negação, do tipo mas que palhaçada é essa que tão me falando, não falei para ninguém durante uns 2 anos. Até que depois de ler muita coisa me senti a vontade de levar para casa um artigo sobre PAH para divulgar na família. Foi até engraçado pq minha mãe riu e disse mas criatura tu não precisava fazer uma entrevista-avaliação para descobrir isso né, eu já sabia desde os teus 3 anos quando tu começou a azucrinar para ler e escrever.haha

    olha nunca vi ninguém comentar isso, mas vamos lá. É engraçado como o pessoal acho que alguém após de se identificar como PAH vai ficar se achando ou qualquer coisa do tipo, comigo foi absolutamente o contrário fiquei mto mais paciente com meus colegas e professores. Quando o troço começa a ficar ruim eu penso putz vamos ter paciência eu é que sou diferente aqui. Mas confesso continuo faltando as aulas o máximo que posso.

    Outra coisa comigo rolou o seguinte depois que descobri, processei a ideia e aceitei, resolvi começar a identificar mais pessoas. Do tipo se eu tenho essa porra que mais pessoas tbm a tenham.haha

    Devaneios de um PAH em busca de cia para compartilhar suas agruras...

    Ohh, to contigo na dúvida existencial e não abro heim, nunca fui cobrado pela família e a liberdade de saber que o caminho e a sobrevivência futura depende de mim e das minhas escolhas assustam.. Ahh claro, só pq eu faço duas faculdades, na real já era para ter terminado se no meio do caminho eu não tivesse trancado uma para fazer uma especialização(sim se consegue cada coisa nessa vida) e se agora não tivesse inventado uma viagem logo no último semestre da facul. Eu sempre falo que não quero sair de uma categoria privilegiada (estudante universitário) para virar um problema social (desempregado, na realidade desculpa para protelar os compromissos futuros e que me permitem devanear com mil coisas que supostamente não tem absolutamente nada a ver com minhas areas de formação.

    ohh como ja sao 6 da manhã e mais uma vez to ouvindo a frequente pergunta: "tu passou a noite acordado mais uma vez?" me despeço..
    (acho que deu pra identificar que eu to confirmando a regra e sou do RS)

    força ai agata e continua escrevendo heim!!!

    bjs

    Cleber

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  3. Ei galera! Gy depois quero responder com calma todos seus comentários, mas, primeiramente, valeu por ter lido e comentado!

    Cleber essa parada de ficar procurando outras PAH rola mesmo! Acho o máximo quando descubro alguém que é, mesmo que a própria pessoa não saiba, tipo, 'mais um pra turma' heehhe! E posso falar que é muito bom ver que eu não sou a única esquizofrênica que fica querendo adiar o inevitável (facu) para fazer coisas completamente nada a ver com meu curso.

    Depois eu respondo vcs com calma, pq hj, (sábado NINGUÈM MERECE!!!)eu tenho que terminar os exercícios da minha faculdade que me passaram no fim do período passado, já que eu terminei o semestre de atestado, se não fizer isso não posso fazer matrícula... De novo, n-i-n-g-u-e-m m-e-r-e-c-e... E claro que vou começá-los as 23:00 para ir fazendo durante a madrugada, horário de funcionamento do meu cérebro.

    Valeu de novo pelos comentários! Bjs a todos

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  4. To blog or to sleep, that´s the question.

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  5. Faz tempo que deixei de ser jovem, nasci em uma época anterior à invenção da superdotação. Daí vem a minha dificuldade em imaginar como é a vida de um adulto com altas habilidades. Não creio que seja fácil, mas na verdade ninguém tem moleza na vida, nem mesmo eu. Há alguns anos passei um grande sufoco aos descobrir que tinha um filho diferente. Resolvi aplacar minha angústia contando sua história na forma de um blog.

    http://thalentoarnonimo.blogspot.com/

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  6. Sem querer achei o seu blog e esse post, acabei lendo. Bem interessante, e a piadinha do Dolph foi muito boa. Embora longe da data de quando foi postado.
    Desculpa ter me intrometido em seu mundo.

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  7. Sou mais radical um pouquinho sobre os testes de QI valerem e sobre a questão de se ter uma inteligência generalizada. Acho que para ser classificado como superdotado a pessoa tem que ter QI alto e não simplesmente ser um super craque no futebol ou qualquer coisa do gênero. Posso estar sendo antiga, politicamente incorreta, mas acho que isso é só uma questão de semântica: maçã é fruta mas não é abacaxi... um craque de futebol tem uma habilidade especial mas não se classificaria como superdotado. senão, o Ronaldinho não ia sair por aí dando bandeira com travestis e o Bruno seria mais sutil ao matar a Elisa...(se bem que o último parece psicopata de carteirinha e aí não mediria mesmo as consequências...)

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  8. tENHO JÁ LÍ MUITAS COISAS SOBRE OQUE SE TEM EM REGISTROS SOBRE "WILLIAM JAMES SIDS" O SUPOSTO UM PRA 7 BILHÃO NA FREQUÊNCIA DELE OQUE SIGNIFICA SÓ EXISTE UM EM SÓ ELE MESMO TEVE TAMANHA INTELIGÊNCIA A CADA 7 BI .NOSSAAAAAAAAAAAAA!!!!!,LÍ MUITAS ,MUITAS COISAS MAIS AINDA SOBRE GOETHE INCLUSIVE COISAS RARAS PRA MIM TIPO CONVERSAÇÕES ETC...CURTO MUITO SUAS HABILIDADES INTELECTIVAS QUE ATÉ HOJE SÃO TÃO EVIDENTES NO DIA DIA NÃO QUE SEJA NORMAL MAS PELO ASPECTO QUE SE ENTENDE DO ENTENDIMENTO DE GOETHE...

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  9. Oi Flá,
    mais um comment meu nesse mesmo dia, sorry!
    Eu ia comentar no post sobre PAH e Preguiça, mas esse tbm me pareceu adequado ao post.
    A questão das múltiplas inteligências já é debatida há muito tempo, inclusive desde o advento do conceito de QE, que, me parece, hoje acabou sendo engolido pela questão das inteligências múltiplas, junto com o QI.
    Outra questão é o fato de haver diversos testes de QI, alguns mais aceitos, outros menos...basta ver os requisitos pra entrar na Mensa, e eles dizem que aceitam só tal tipo de teste, em detrimento de diversos outros.

    Mas, meu comment na verdade se relaciona mais à questão das múltiplas inteligências e a tal da "preguiça" citada em outro post.
    Digo isso mais pelo meu próprio caso, e as complicações que isso me traz no dia a dia.

    Acho que o QI elevado, sem as necessárias, ou adequadas, habilidades emocionais em lidar com ele acabam por trazer diversos problemas. Além da chamada "depressão existencial", há também os casos de depressão por não se saber exatamente o que fazer com tais "altas habilidades".

    Alguns de nós simplesmente não conseguem escolher algo no que se concentrar (pelo menos, meu caso), e acabamos por sentir severa frustração com relação a nossa auto-estima, devido à dispersão, entre outros.
    Diria que acabamos por sofrer de grave falta de conexão com o mundo, geralmente pensando sobre tudo ao mesmo tempo, ao passo em que não nos aprofundamos em nada em específico. Elemento bastante complicado, pois acaba por gerar grande frustração no indivíduo com tais habilidades.
    Acabamos sempre nos expressando, também, por conclusões, esquecendo que devemos buscar transmitir os processos mentais à pessoas, que acabam por não compreender o que tentamos dizer, etc. Bastante complicado.

    Voltando ao assunto (rs...sorry, isso acontece muito comigo, desviar-me do assunto inicial), quando não conseguimos canalizar tais habilidades, acabamos com uma montanha de pensamentos, trabalhos, teorias não-acabadas, buscando resolver tudo à nossa volta, sem conseguir terminar nada de fato.

    Enfim...já esqueci o propósito inicial do comment...mas, apenas queria dizer novamente que curti bastante seu blog. Parabéns!

    Abs

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  10. Cleber, me dá muma força. Tenho um quadro de PHA, não consigo muito terminar alguma coisa. Adoro escrever textos literários, fiz quatro e dois estão prontos em minha cabeça, mas não os termino. Penso nele todos os dias, mas.... Também tenho a ideia de um jogo para produção de textos de gêneros diversos, já tenho inclusive quem quer conhecer, mas não sigo adiante. Está pronto, porém não tenho a necessidade de mostrar. Sou meio desajustada socialmente, tenho dificuldade para trabalhos em grupo e não sou compreendida. Sou professora, tenho um curso superior completo e outro incompleto, pós em Linguística incompleto. Não tenho paciência para terminar um curso, quando já sei o que devo fazer ou ler, faço-o, mas não fico em sala. Não sei aceitar uma nota razoável. E muito mais. Não paro quieta e tb sentada.Fui considerada CDF na faculdade.
    Eu queria ouvir alguém que se sente como eu. Sinto-me meio esquisita.

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  11. Sou superdotado e isso me separa do meio social, no meio das pessoas me sinto um célula separada, isso naum é nada bão, causa um belo desconforto!

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